Meningiomas intracranianos

Os meningiomas intracranianos são tumores originados das células da aracnoide, que é uma das membranas de revestimento cerebral, chamadas de meninges. São os tumores não-gliais mais comuns do sistema nervoso central, correspondendo a cerca de 15 a 20% de todos os tumores intracranianos, sendo na sua maioria benignos e de crescimento lento.

Ocorrem principalmente entre a quarta e a sexta década de vida, sendo mais comum nas mulheres que nos homens, devido à influência hormonal. Normalmente ocorrem isoladamente, porém, em alguns casos, podem ser múltiplos, principalmente quando associados a uma doença chamada de neurofibromatose tipo 2.

São tumores de ocorrência espontânea, geralmente associados a alterações genéticas. Essas lesões também podem ocorrer vários anos após a realização de radioterapia na região da cabeça, sendo nesses casos mais agressivas, porém bem mais raras.

Os principais sinais e sintomas são dor de cabeça, crises epilépticas, alterações motoras, ou sensitivas, distúrbios da fala, alterações visuais, alterações do comportamento, distúrbios da coordenação motora, dentre outros. A ocorrência de um ou mais desses sintomas dependem da localização do tumor. Em alguns casos eles podem ser assintomáticos, sendo diagnosticados por exames de imagem realizados por outro motivo, como após um trauma de crânio.

De acordo com sua localização dentro do crânio, essas lesões podem ser parassagitais, da convexidade, de asa do esfenoide, de foice do cérebro, plano esfenoidal, goteira olfatória, tubérculo da sela, fossa posterior, intraventricular, dentre outras.

Existem 3 graus de meningiomas de acordo com sua classificação patológica:

– Meningioma grau I: lesão benigna, que corresponde a cerca de 75 a 80% dos casos.

– Meningioma grau II (atípico): 20 a 25% dos casos.

– Meningioma grau III (anaplásico): 1 a 4% dos casos. Se comportam como tumores malignos.

Os meningiomas atípicos e anaplásicos são mais agressivos e tem maior tendência a recorrência, porém ocorrem na minoria dos casos.

O diagnóstico é realizado através de exames de imagem, como a tomografia computadorizada e principalmente a ressonância magnética. Porém, sua confirmação só pode ser feita após a ressecção cirúrgica da lesão e estudo histopatológico.

 

 

 

 

 

 

 

 

Nas ressonâncias magnéticas acima observamos um meningioma da convexidade à direita, antes e após a ressecção total.

Nem todos os meningiomas precisam ser operados. Alguns podem ser apenas acompanhados por exames de imagem, principalmente quando são pequenos, assintomáticos ou em pacientes muito idosos. As principais indicações para a cirurgia são tumores que apresentam sintomas relacionados a ele, edema na ressonância magnética ou que cresceram em relação ao exame de imagem anterior.

O principal objetivo do tratamento cirúrgico é a ressecção completa do tumor, associado à retirada da dura mater e do osso adjacente, quando infiltrados. Porém, sua retirada completa não é possível em todos os casos, principalmente quando o tumor está aderido às estruturas nobres, pois é muito importante a manutenção das funções neurológicas após a cirurgia.

Em tumores grau I que são ressecados completamente, não está indicado nenhum tipo de tratamento complementar. Se ressecção parcial, acompanhamos o tumor residual com ressonância magnética, realizando nova cirurgia se ocorrer crescimento. Para tumores grau II que foram submetidos a ressecção total, geralmente não é necessário nenhum outro tipo de procedimento. Se ressecção parcial, radioterapia pós operatória é indicada. Já em tumores grau III, por serem malignos, a radioterapia é indicada após a cirurgia.

Quanto maior o grau do meningioma e quanto menor o grau de ressecção cirúrgica, maior a chance de recidiva da lesão. Porém, mesmo após a ressecção total de um tumor grau I, pode ocorrer recidiva após alguns anos. Portanto, mesmo após uma ressecção cirúrgica completa, o acompanhamento com o neurocirurgião continua necessário.

 

Dr. Silvio Gameleira
Neurocirurgia
CRM- AL 5635 / RQE 3859

 

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